Governo minimiza impacto de mau ano agrícola na economia de Cabo Verde

O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, garantiu, segunda-feira, na cidade da Praia, que o mau ano agrícola que afeta o país não terá impactos nas previsões do crescimento económico do Governo e nem no défice estimado para as contas públicas.
"O Governo mantém a previsão de crescimento dos cinco a 5,5 porcento, não obstante o mau ano agrícola", declarou Ulisses Correia e Slva num discurso de apresentação, no Parlamento, duma proposta de Orçamento de Estado par 2018.
O chefe do Governo cabo-verdiano salientou que esta previsão se baseia no fato de o orçamento para o próximo ano adotar um conjunto de medidas aceleradoras e com impacto no crescimento económico.
A este propósito, ele elencou um conjunto de medidas propostas, sublinhando a "opção clara" do executivo por "estimular e promover o investimento privado através das políticas públicas e do investimento público", nomeadamente através de medidas de apoio ao financiamento.
Destacou igualmente a aposta numa solução para os transportes marítimos, adiantando que ficará concluído, até final do ano, o processo para a concessão da gestão e exploração do transporte marítimo de passageiros e carga inter-ilhas.
No mesmo sentido, adiantou que 2018 será o ano da operacionalização da plataforma aérea na ilha do Sal "que passará pela privatização da TACV (Transportes Áereos de Cabo Verde) e da Cabo Verde Handling, da concessão da gestão aeroportuária e da melhoria de toda a cadeia, bem como do serviço das fronteiras.
Ulisses Correia e Silva expressou a "firme convicção" de que se trata de "um bom orçamento".
"Orçamento responsável porque não finta os problemas do país. Está comprometido com políticas, metas e objetivos para consolidar as finanças públicas, melhorar o ambiente de negócios e o clima de investimentos, promover a inclusão social, qualificar o capital humano, reforçar a descentralização, melhorar a segurança e a administração da justiça", disse.
No entanto, para a líder do maior partido da oposição, Janira Hopffer Almada, este é um “orçamento de frustração, preparado com muita cosmética e acompanhado de uma grande operação de marketing”.
A presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) acusou o primeiro-ministro de prometer levar, pela primeira vez, o Orçamento do Estado à concertação social, "mas os parceiros ficaram apenas nas linhas gerais”.
Janira Hopffer Almada fez saber que, “contrariamente àquilo que se esperava”, o chefe do Governo “não vem cumprindo os principais compromissos de campanha (eleitoral) e retomados no Programa do Governo”.
“Este Orçamento dá uma machadada na esperança daqueles que acreditaram que 2018 seria o ano da mudança de rumo e das respostas concretas aos seus problemas”, indignou-se a presidente do PAICV.
A seu ver, este orçamento é “insensível” à situação por que passa uma parte significativa da população cabo-verdiana a braços com um mau ano agrícola.
A líder do PAICV comentou ainda que se trata de orçamento que “empobrece o país e aumenta  desigualdades sociais e assimetrias regionais”.
“Este Governo demonstra a sua grande insensibilidade às dores dos Cabo-verdianos”, denunciou a presidente do grupo parlamentar do PAICV que sugeriu ao primeiro-ministro a desculpar-se perante os seus concidadãos pelas “promessas generosas e respostas minguadas”.
A saúde, segundo Janira Hopffer Almada, tem sido transformada cada vez mais num “negócio em que todos são obrigados a pagar, excluindo da assistência médica aqueles que não têm recursos para suportar as despesas”.
Por seu turno, o deputado eleito nas listas da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), oposição com três assentos no Parlamento, António Monteiro, entende que a proposta do orçamento do executivo “não olha de uma forma clara e objetiva para os grandes problemas dos Cabo-verdianos”.
O Orçamento de Estado de Cabo Verde para 2018 estima-se em 554,7 milhões de euros, 33,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, com uma previsão de receitas de 503,1 milhões de euros, incluindo receitas fiscais e donativos, num cenário projetado de crescimento económico de 5,5%, uma inflação que não deverá ultrapassar um porcento e uma taxa de desemprego de 12,5%.
A dívida pública cabo-verdiana deverá situar-se nos 132,2% do PIB em 2018, atingindo os 2,1 mil milhões de euros.

Fonte: PanaPress

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