Editores esperam que presidência da CPLP dinamize literatura e cultura lusófona

Editoras, autores e livreiros cabo-verdianos manifestaram-se quarta-feira esperançados com a presidência cabo-verdiana da comunidade lusófona (CPLP), esperando que possa servir para dinamizar a literatura e a cultura e facilitar a circulação no espaço.

Cabo Verde vai assumir a presidência da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) após a XII Conferência de chefes de Estado e de Governo que acontece na ilha do Sal em Julho.

A cultura é uma das temáticas do país, que vai apresentar uma proposta de criação de um mercado comum cultural e de realização de iniciativas culturais, como bienais ou prémios de artes. 

Em declarações à agência Lusa, na cidade da Praia, durante um fórum nacional, editores, autores e livreiros manifestaram esperançosos com a presidência cabo-verdiana da comunidade lusófona, esperando que possa dinamizar a literatura e a cultura e facilita a circulação. 

Luísa Lobo, da Tipografia Santos, notou que a CPLP é um "espaço privilegiado", entendendo que se deve aproveitar a presidência cabo-verdiana para "dinamizar não só a literatura, mas tudo o que é cultura", adiantando que antes de se preocupar com internacionalização da literatura cabo-verdiana, deve preocupar-se com a nacionalização da literatura cabo-verdiana, já que, disse, os autores cabo-verdianos não são suficientemente conhecidos a nível nacional.

Elizabete Coutinho, da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), lembrou que a instituição já tem parcerias com universidades um pouco por todo o mundo e também com as dos países lusófonos, mas espera que haja um "reforço" da parceria a nível da edição de livros. 

"Seria muito bom que pudéssemos fazer edições com outras universidades da CPLP para que os nossos livros possam circular nesse espaço, o que tem sido extremamente difícil", perspetivou a professora da Uni-CV, que publica há cerca de 10 anos e neste momento conta com 75 títulos, entre livros, revistas, coleções.

"Esperemos que se coloque um pouco a ênfase no livro, na sua divulgação e circulação no nosso espaço", disse a responsável académica, esperando também que haja mais coedições e formas de conhecer mais os autores, professores e investigadores que publicam nas universidades lusófonas.

"Já temos uma forte ligação com o Brasil e Portugal, mas seria muito bom alargarmos aos outros países", disse a docente, que também apontou as dificuldades de divulgar o livro no país. 

O presidente da Academia Cabo-verdiana de Letras (ACL), David Hopffer Almada, disse esperar que a presidência cabo-verdiana da CPLP seja "muito boa" em termos de resultados e que a cimeira do Sal possa servir para um "novo começo" da comunidade.  

"Espero que os responsáveis possam dar um novo elã à CPLP para que possa cumprir a missão que foi instituída. Estamos muito esperançados na próxima cimeira", afirmou o escritor e advogado, presidente da ACL desde Janeiro. 

Mário Silva, administrador Livraria Pedro Cardoso, por sua vez, disse que ainda não espera nada da presidência cabo-verdiana da CPLP, explicando que o Governo ainda não avançou nada de concreto sobre o livro.   

"Está tudo muito vago. Espero que Governo defina uma política clara para o livro", apelou o administrador da Pedro Cardoso, que no ano passado bateu o recorde de 19 livros publicados.  

Mário Silva salientou a importância de se internacionalizar a literatura cabo-verdiana, mas considerou que primeiro é preciso fazer o livro chegar a todas as ilhas do arquipélago.  

O fórum foi encerrado pelo ministro da Cultura, Abraão Vicente, que reafirmou a proposta de criação de um mercado comum cultural, como "caso inicial de experimentação" de mobilidade dentro da comunidade lusófona.  

O ministro sublinhou a necessidade de uma política comum das artes e indústrias criativas, indicando que nos dois anos de mandato o país vai "reestruturar" o sector, criando um ambiente para que o livro seja "mais bem visto e mais usado". 

Abraão Vicente e a curadora da Biblioteca Nacional, Fátima Fernandes, anunciaram a criação de uma bienal do livro lusófono, durante a cimeira do Sal, que possa servir para maior contacto entre os escritores e dar a conhecer o que se produz no país. 

Considerando que autores de países pequenos como Cabo Verde necessitam de "estímulos especiais", o ministro disse também que o país ainda precisa melhorar o aspecto visual do livro, para poder competir com os autores internacionais, bem como ter autores de qualidade e empresarialização do sector do livro e da cultura. 

Além da resolução sobre o mercado comum da cultura, artes e indústrias criativas, Abraão Vicente informou que o Governo  vai apresentar ainda resoluções sobre a língua portuguesa, a preservação do património e criação da rede de bibliotecas e dos arquivos da CPLP. 

Fonte: Expresso das Ilhas

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