Fogo: A ilha precisa de bons investimentos públicos para criar condições para os investimentos privados – Primeiro-ministro

A ilha do Fogo precisa de bons investimentos públicos para criar as condições de atrair os investimentos privados, defendeu sexta-feira, em São Filipe, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, durante a conferência sobre “desenvolvimento local e regional”

Durante a conferência, que trouxe à ilha do Fogo, além do primeiro-ministro, mais quatro ministros e um secretário de Estado e outros responsáveis nacionais, Ulisses Correia e Silva disse que o diagnóstico a nível da ilha já é conhecido e tem a ver com o desemprego, a fraca atividade económica, mas também são conhecidas as suas potencialidades nos diferentes setores de atividades.

O chefe do Governo defendeu que há a necessidade de “auscultar, partilhar, esclarecer e fazer um bom debate”, quer aqui na ilha do Fogo como nas demais ilhas de Cabo Verde, sublinhando que a nível do Fogo é preciso dinamizar a economia através de investimentos públicos e da sua infra-estruturação, assim como a promoção do seu desenvolvimento, indicando várias medidas e políticas para que isso aconteça.

Ao presidir à abertura da conferência sobre “desenvolvimento local e regional”, Ulisses Correia e Silva enumerou os investimentos realizados ou que o seu Governo tem em parceria com os três municípios da ilha, sublinhando que o executivo “está a investir para tornar as cidades e as localidades mais atrativas, para viver, receber os turistas e para atrair mais investimentos privados”.

Segundo o Ulisses Correia e Silva na requalificação urbana, ambiental e criação de acessibilidades como arruamentos, pedonais, novas centralidades e requalificação de orlas marítimas, o Governo está a investir nos três municípios mais de 716 mil contos.

A nível de reabilitação de casas de pessoas ais pobres, Correia e Silva indicou o montante de 171 mil contos para o efeito e na construção de estradas para desencravamento das localidades com potencial agrícola e turísticas mais de 860 mil contos, isto porque, explicou, “há lugares com potencial agrícola, mas reconheceu que o acesso é ainda muito difícil”.

A nível de miradouros, requalificação urbana os investimentos nos três municípios da ilha rondam os 110 mil contos, no porto de Vale dos Cavaleiros mais de 814 mil contos (aquisição de grua, construção de oficina de manutenção e de um novo armazém, em fase de concurso).

O primeiro-ministro lembrou que mais de 190 mil contos serão disponibilizados na mobilização de água para agricultura, sem contar com os investimentos no sector da saúde que visam aquisição de equipamentos médico hospitalar para hospitais e centros de saúde e no estudo para iluminação do aeródromo, energia, formação profissional.

Em Chã das Caldeiras, disse que o Governo está a aumentar o seu valor económico, por esta localidade ser o “potencial maior do turismo que existe na ilha do Fogo e em Cabo Verde”.

Daí, acrescentou, a localidade precisa de “bom ordenamento” para criar mais valor, respeitar o ambiente, criar condições para intervenção em caso de erupção e organizar um ambiente propício para o desenvolvimento do turismo.

O chefe do Governo disse ainda anda que o Governo está a investir 518 mil contos nas estradas de acesso, sendo que o troço Cova Tina/Bangaeira é hoje inaugurado.

As poucas intervenções registas durante a conferência, devido ao factor tempo, centraram-se em reivindicações antigas, razão porque Ulisses Correia e Siva afirma que as pessoas precisam de mais tempo para acreditar, porque “às vezes os sentimentos individuais não traduzem aquilo que é expressão da dinâmica económica e as avaliações são mais genéricas”.

“Tenho a consciência de que o tempo fará com que o sentimento das transformações que estão a ser feitas venha a ser sentido ainda mais. Não é possível fazer tudo em três anos e nunca prometemos isso”, disse o Chefe do Governo, notando que o mandato é de cinco anos e ainda há tempo para realizar as ações.

Segundo o mesmo o país está a crescer muito, e é visível de que o rendimento está a aumentar apesar de dois maus anos agrícolas consecutivos que condicionaram a atividade económica, no mesmo assim o país cresce, está a criar emprego e a aumentar o rendimento.

Questionado sobre a situação dos transportes, tida como um dos fatores de desenvolvimento, Ulisses Correia e Silva disse que o transporte não é o único factor responsável pelo desenvolvimento, mas sim um dos factores, mas existem outros que têm de ser resolvidos, como ter dinâmica de investimentos privados, soluções mais assertivas e mais económica para a energia, mobilização de água para agricultura, formação profissional.

O autarca de São Filipe, Jorge Nogueira, em nome dos seus homólogos dos Mosteiros e de Santa Catarina, disse que para o desenvolvimento é necessário valorizar e aproveitar as potencialidades nos setores de turismo, agricultura, indústria e pescas, como sendo prioridades, adiantando que os municípios estão a trabalhar em sintonia e em parceria com o Governo para que a ilha ocupe o lugar que merece, de acordo com as suas potencialidades.

As condições, segundo o mesmo, estão criadas para debelar os constrangimentos de desenvolvimento que passam pelos transportes aéreos e marítimos.

A quantidade de voos, o estado de troço de estrada que liga São Filipe a Mosteiros via sul, iluminação versus aumento de número de voos, questão de emprego, regionalização, água para agricultura e pecuária foram algumas questões colocadas.

Em relação à iluminação do aeródromo, o titular da pasta dos Transportes, José Gonçalves, explicou que estão a ser efetuados três estudos, nomeadamente de procedimentos de ambiente nocturno, segurança de procedimento e estudos de obstáculos, indicando que a realização de voos noturnos vai ajudar no escoamento dos passageiros.

“Em termos económicos, existem sérias dúvidas se valerá a pena a iluminação do aeródromo de São Filipe, mas trata-se de uma decisão política do Governo”, tranquiliza o ministro José Gonçalves.

Quanto a asfaltagem da estrada circular do Fogo, a ministra das Infra-estruturas, Eunice Silva, disse que inicialmente estava em agenda, mas devido a uma decisão do tribunal, o Estado tem de pagar uma indemnização de mais de um milhão de contos e que enquanto não for paga a indemnização não haverá asfaltagem da mesma estrada, afirmando que tal não está programada para este mandato.

Fonte: Sapo CV

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