Celina Pereira homenageia poetas e compositores da sua “Bubista” em novo disco

“Areias Mornas de Bubista”, o novo disco conta com 12 temas – 11 mornas e uma coladeira

Celina Pereira já terminou as gravações de “Areias Mornas de Bubista”, o novo disco onde homenageia os poetas e compositores da morna da sua ilha natal, Boa Vista. O disco, ainda sem data de saída, conta com 12 temas – 11 mornas e uma coladeira –, e relembra compositores como Luís Rendall e os pouco conhecidos Ramzin e Patrício Pereira, ambos tios da cantora.

Um dos temas de “Areias Mornas de Bubista” é o poema “Recordação da Ilha”, de Terêncio Anahory, poeta boavistense da geração de Certeza, e uma outra novidade é “Rochas à Vista”), de Herculano Vieira, único tema cantado em português.

“Areias Mornas de Bubista” traz ainda cinco temas do cancioneiro popular da também conhecida por “Ilha das Dunas” e dois da autoria da própria Celina Pereira – um em parceria com o angolano Filipe Zau e outro cantado também por crianças sobre um “conto escrito pela cantora”.

Segundo a cantora, a ideia de homenagear a ilha natal surgiu depois de ter reparado que nunca foi feito um levantamento da música da Boa Vista, sobretudo em relação às mornas. Isto não obstante o facto de um dos maiores poetas cabo-verdiano, Eugénio Tavares, ter garantido que este género musical de Cabo Verde nasceu nesta ilha.

“Tal como dizemos em crioulo, pertencemos onde o nosso umbigo está enterrado e o meu está na Boa Vista. A minha intuição disse-me e chamou-me a atenção para o facto de nunca ter sido feito um levantamento da música da Boa Vista”, justifica cantora, residente há várias décadas em Portugal.

“A partir do momento em que Eugénio Tavares disse que a Morna nasceu na ilha da Boa Vista e se nós estamos num caminho em que a Morna procura reconhecimento no mundo (está em curso projeto para a tornar Património Imaterial da Humanidade), é preciso procurar algumas raízes na ilha onde ela nasceu”, acrescentou.

Para Celina Pereira, as raízes da Morna assentam em compositores populares, “que não tinham preocupações maiores do que falar do quotidiano, com muita sátira no meio e sem preocupações poéticas”, como aconteceu, depois, com Eugénio Tavares e com o compositor B. Leza.

“Para mim, é continuar a prestar um serviço ao meu país no que diz respeito à preservação de uma certa memória coletiva, que ainda é muito oral, mas que tem de ser gravada para conhecimento dos mais novos”, explica.

Carreira
Celina Pereira publicou o primeiro single “Bubista, Nha Terra/Oh, Boy!”, em 1979. Em 1986 lançou o primeiro LP “Força di Cretcheu”, seguido de “Estória, Estória… No Arquipélago das Maravilhas” (1990), “Nós Tradição” (1993), “Harpejos e Gorjeios” (1998) e “Estória, Estória? do Tambor a Blimundo” (2004).

Em 2003 foi condecorada com a medalha de mérito – grau comendadora – pelo presidente português, Jorge Sampaio, pelo trabalho na área da educação e da cultura cabo-verdiana. Em 2014, foi galardoada com o Prémio Carreira na 4ª edição do Cabo Verde Music Awards (CVMA).

Fonte: A Nação

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