O Estado Presente do Passado das ilhas de Cabo Verde: História e Historiografia Insular*

A história do arquipélago foi, durante muito tempo, um objeto de estudo periférico nas investigações e reflexões da historiografia ultramarina portuguesa. O prestígio de outras áreas geográficas do império português, como a Índia, o Brasil ou mesmo a China e o Japão, ofuscou regiões cuja evolução foi mais discreta, ainda que de igual importância, para a História geral da expansão lusa. O arquipélago era unicamente mencionado e descrito, no âmbito de obras gerais sobre o império colonial português ou de áreas de atuação de determinada congregação religiosa, como uma mera adjacência da Costa da Guiné. Dedicava-se-lhe um simples capítulo, muitas vezes curto e repleto de imprecisões que espelhavam a superficialidade das infor­mações recolhidas e o desinteresse pelo apro­fundamento do estudo da história e das gentes deste espaço insular.

As descrições coevas de carácter histórico-geográfico-etnográfico que existem centram-se na região dos Rios da Guiné, referindo as ilhas de Cabo Verde de modo sintético e marginal, e apenas quando a história destas se relacionavam com a Costa Veja-se os casos de André Álvares de Almada, Tratado breve dos Rios da Guiné do Cabo Verde [...] (1594), de André Donelha, Descrição da Serra Leoa e dos Rios da Guiné do Cabo Verde (1625) ou ainda de Francisco Lemos Coelho, Descrição da Costa da Guiné e Situa­ção de todos os Portos e Rios delia [...] (1684). Só em finais do século XVIII e inícios do século XIX é que se assiste à redação de obras específicas sobre o arquipélago, nomeadamente por parte de um autor eclesiástico anónimo que, em 1784, elabora a Notícia Corográfica e Cronológica do Bispado de Cabo Verde, e do naturalista José da Silva Feijó, que escreveu vários ensaios económicos sobre as ilhas de Cabo Verde e seus produtos, publicados nas Memórias da Academia das Ciências.

Foi necessário esperar por meados do século XIX para ver surgir obras mais precisas como a de José Carlos Conrado Chelmicki e de F. A. Varnhagen, em 1841 (Corografia Cabo-verdiana ou Descripção Geographico-Historica da Província das Ilhas de Cabo-Verde e Guiné), a de José Joaquim Lopes de Lima, em 1844 (Ensaios sobre a Statistica das Possessões Portuguesas no Ultramar) ou a de Francisco Travassos Valdez, em 1864 (África Occidental: noticias e considerações), que antecederam a primeira grande síntese sobre a totalidade da história de Cabo Verde, Subsí­dios para a Historia de Cabo Verde e Guiné de Christiano José de Senna Barcellos.

Este autor que se estreara, em 1892, com o estudo Roteiro do Archipelago de Cabo Verde, cerca de sete anos depois apostou numa obra de grande fôlego, que ainda hoje é muito importante consultar quando se trabalha a história de Cabo Verde. Senna Barcellos, logo no início da sua narrativa, demarca-se de tudo o que fora feito até então sobre estas ilhas afirmando: «A História destas ilhas não é para nós, filho dellas, um estudo indiferente, de mera curiosidade, em que toquemos ao de leve.»[1] De facto, e apesar de todas as limitações que este trabalho encerra, devido particularmente ao seu carácter factual e pouco interpretativo, refletindo aliás as cor­rentes historiográficas positivistas da época, tornou-se um marco para estudos subsequentes. A índole globalizante e a amplitude cronológica destes Subsídios, o imenso manancial de informações recolhidas nas crónicas, nos arquivos e bib­liotecas, transmitido ao longo das suas páginas fiz­eram desta Memória um elemento fundamen­tal para a compreensão da história de Cabo Verde.

No trilho desta obra houve um conjunto de autores, todos eles, sócios da Sociedade de Geografia de Lisboa, que, no âmbito desta instituição, produziram estudos monográficos sobre problemáticas específicas de cada ilha publicados no seu Boletim.

Também nas décadas de 40 a 60 do século XX, embora nas instituições de investigação e divulgação colonial, nomeadamente na Agência - Geral das Colónias e na Junta de Investigações do Ultramar, as ciências sociais e humanas sobre Cabo Verde, entre elas a História, não constituíssem uma prioridade científica, houve um conjunto de autores, como Ernesto J. de Vasconcelos, António Mendes Corrêa, Álvaro Lereno, Almerindo Lessa e Jacques Ruffié, que publicaram vários trabalhos que, embora não tendo a história como tema central, incluíam muitas referências ao passado insular. Não se pode, igualmente, negligenciar os contributos de autores cabo-verdianos publicados na Revista Claridade, como, por exemplo, os de João Lopes, de Félix Monteiro ou de Henrique Teixeira de Sousa.

As mudanças na perspetiva de encarar a história de Cabo Verde começaram a ser visíveis na segunda metade do século XX, quando, em 1958, o Padre António Brásio iniciou a publicação de uma notável coletânea de fontes para o estudo daquela região: os Monumenta Missionária Africana, 2ªsérie. Paralelamente a esta obra, surgiram no Departamento de Geografia da Faculdade de Letras de Lisboa os trabalhos interdisciplinares de história / geografia / antropologia de Orlando Ribeiro e de Ilídio do Amaral, que abriam novas pistas para o estudo desta área geográfica e fomentaram o interesse por Cabo Verde, expresso na execução de algu­mas teses de licenciatura em História na Facul­dade de Letras de Lisboa, como a de Josefa Viegas a de Clarisse Cardona Ferreira, a de Sofia Lima Neves e a de Maria da Graça Nolasco da Silva.

 Surgiram, igualmente, outros estudos esparsos, mas já mais centrali­zados no arquipélago ou nas semelhanças com a colonização efetuada nas outras ilhas atlân­ticas, os quais modificaram consideravelmente a forma de abordagem da história deste espaço insular. Efetivamente ao longo das décadas de 1960 e 1970, destacam-se os estudos de Orlando Ribeiro, os do Padre António Brásio, os de Luís Romano, o de Raquel Soeiro de Brito e os de Avelino Teixeira da Mota, entre outros.

Efetivamente, foi no âmbito da Junta de Investigação Científica do Ultramar que emergiriam as obras de António Carreira e Avelino Teixeira da Mota, historiadores que conduziram a história de Cabo Verde à «modernidade», de acordo com as novas teorias historiográficas. Teixeira da Mota, abriu novas perspetivas para o estudo da história de África e, por arrastamento, das ilhas de Cabo Verde. Procurava-se focalizar na própria África o objeto de estudos e não encará-la numa perspetiva eurocêntrica. Por sua vez, António Carreira, embora não sendo um homem com formação específica em História, conhecia profundamente o espaço que estudava. Cabo Verde e a costa da Guiné eram terrenos que lhe eram familiares, e que, acima de tudo, procu­rava compreender. Iniciando-se no final da década de 1960, primeiro com pequenos estudos, e no final e início da década seguinte, já com obras de maiores dimensões fundamentais para a História de Cabo Verde e em que desenvolve problemáticas nunca anteriormente tratadas de forma tão sistematizada.

Abrangendo um âmbito cronológico que se estende desde o século XV à atualidade, versando temas tão dís­pares, mas sabiamente «entrosados», como demografia, linguística, etnologia, antropologia, econo­mia ou a administração, a obra de António Carreira é ainda hoje um marco historiográfico inultrapassável no estudo do passado das ilhas de Cabo Verde.

Contudo, embora sem o “esplendor” e o volume quantitativo das de Carreira, não deve ser negligenciado um conjunto significativo de obras de estudiosos cabo-verdianos no domínio das ciências sociais e humanas, de que salientamos, para a década de 1980 os trabalhos historiográficos de Daniel Pereira, bastante inovadores na época da sua publicação e os trabalhos mais direcionados para temáticas muito concretas como o de Francisco Cerrone, o de Henrique Santa-Rita Vieira ou o de Josef Kasper, constituíram um ponto de partida válido para alicerçar os novos rumos da historiografia das ilhas de Cabo Verde.

 

 HISTÓRIA GERAL DE CABO VERDE: UM NOVO ARRANQUE DA HISTORIOGRAFIA DAS ILHAS

Efetivamente, é indiscutível que uma das “pedras de toque” para dar um novo fôlego ao estudo o passado das ilhas de Cabo Verde foi o execução do projeto História Geral de Cabo Verde iniciado oficialmente em julho de 1987, que só começou a dar os seus primeiros resultados cerca de um ano depois.

Foram, sem dúvida, os trabalhos de António Carreira e A. Teixeira da Mota que, em medidas distintas, permitiram a «preparação do ter­reno» para o aparecimento e desenvolvimento eficaz deste projeto[2]. O primeiro, António Carreira, com a publicação dos seus estudos, acima mencionados, possibilitou que se dispusesse de um conjunto sistematizado de informações e reflexões de grande validade sobre a história das ilhas; o segundo, Teixeira da Mota, liderando uma equipa de paleógrafos que tinha como tarefa o levantamento exaustivo, organização e sumariação de toda a documentação manuscrita, existente em arquivos portugueses e estrangeiros, referente à presença portuguesa na costa ocidental africana e ilhas de Cabo Verde e São Tomé, facilitou, à equipa de investigação encarregue da realização do projeto, os trabalhos de pesquisa da documentação em que assentaram os dois primeiros volumes daquela obra.

O objetivo central do projeto História Geral de Cabo Verde foi a elaboração da história deste novo país africano, colónia portuguesa até 1975, através da cooperação entre investigadores cabo-verdianos e portugueses, o que representou uma solução a nível humano sem precedentes na historiografia europeia/colonial. Coordenado, inicialmente, por Luís de Albuquerque e por Maria Emília Madeira Santos, que, devido à morte de Luís de Albuquerque, prosseguiu sozinha até ao fim a sua direção, foi executado por uma equipa mista que, através do cruzamento de experiências particulares e abordagens específicas tentou apreender e transmitir a história de Cabo Verde na dupla vertente europeia e africana que a marcou indelevelmente.

Metodologicamente, os coordenadores optaram por uma linha condutora que apostou na execução, no âmbito do projeto, de monografias que se destinaram a exercer um papel de trabalho intermediário entre a análise das fontes primárias e a redação de uma história geral. Assim, cada membro da equipa foi encarregue de elaborar uma ou mais monografias que esclarecessem temáticas fulcrais de cada capítulo, constituindo pontos de apoio para poder ligar o fio condutor de uma história geral. À medida que os membros da equipa do projeto se foram especializando tematicamente em objetos específicos, elaboraram diversos trabalhos que representam um ciclo de produção distinto embora genericamente imbricado com os resultados da História Geral. Trata-se de um conjunto de cerca de 60 textos, constituído por livros, capítulos em obras coletivas, artigos publicados em periódicos especializados ou em volumes de atas de congressos. Tal conjunto historiográfico abarca temas e perspetivas históricas muito diversificadas que vão desde a heurística da documentação aos estudos da política, sociedade e economia endógenas de Cabo Verde ou de assuntos mais gerais como as sociedades urbanas e portuárias aos estudos de caso, nomeadamente regionais e biográficos. Daqui resultou um importante salto qualitativo e quantitativo para a história de Cabo Verde, dificilmente igualável e, provavelmente, irrepetível para a história dos séculos XV a XVIII.

Entre 1991 e 2002, publicaram-se os vários volumes da História Geral de Cabo Verde.. Estes volumes solidamente alicerçados em amplos e importantes núcleos documentais procedentes de arquivos de vários países são atualmente um contributo importante e sistematizado sobre história de Cabo Verde nos seus diversos campos temáticos (administração, economia, sociedade, cultura, etc.). Neste momento, os seus resultados têm uma utilidade imediata para Cabo Verde: a possibilidade de dispor de uma história científica e documentada, como nação que é, a qual também está à disposição de toda a comunidade científica em geral. Em 2007, saiu uma outra obra profundamente interligada com este projeto: a História Concisa de Cabo Verde, uma síntese em linguagem mais acessível do conteúdo dos 3 volumes da História Geral de Cabo Verde. Financiada pelo IPAD, esta obra abriu ainda mais o leque de leitores, demonstrando que este projeto proporcionou resultados diversificados que se estendem a várias camadas da sociedade civil.

Dado o seu carácter pioneiro, assente na cooperação entre investigadores de uma ex-metrópole e de uma ex-colónia, este projeto produziu um impacto significativo no desenvolvimento de um crescente interesse pela história destas ilhas em Cabo Verde e em Portugal. Os conhecimentos divulgados através da publicação de várias dezenas de artigos realizados pela equipa mista encarregue da elaboração do projeto e dos três volumes desta História, depois de incorporados pelas comunidades científicas portuguesa e cabo-verdiana, foram um incentivo e um apoio para o desenvolvimento de novos estudos abarcando vários domínios da história das ilhas de Cabo Verde e um aumento dos conhecimentos sobre o passado destas ilhas.

 

 OS ANOS 90: OS ALICERCES DA CONSTRUÇÃO HISTORIOGRÁFICA DAS ILHAS DE CABO VERDE

 Nas ilhas de Cabo Verde a publicação de estudos sobre história de Cabo Verde foi aumentando significativamente ao longo dos anos de 1990: a Bibliografia Nacional (1995) ou a edição da coletânea bilingue, Descobertas das Ilhas de Cabo Verde/ Découvertes des Îles du Cap-Vert (1998),onde se incluem várias contribuições de investigadores cabo-verdianos, ambas da responsabilidade do Arquivo Histórico Nacional de Cabo Verde são exemplos do envolvimento das instituições culturais de Cabo Verde na divulgação da história do país, que também nesta década, em 1997, lançou o 1º número da Revista Kultura, a revista oficial do Gabinete do Secretário de Estado da Cultura.

Aos estes esforços consubstanciados nestas publicações de âmbito coletivo, juntam-se trabalhos individuais de cabo-verdianos, muitos dos quais publicados no próprio país, mas também em Portugal e mesmo em França.

Com o virar do século, e muito especialmente com a criação da Universidade de Cabo Verde proliferaram as investigações apresentadas, na sua maioria, sob a forma de trabalhos de fim de curso do bacharelato e da licenciatura em História e História – Ramo Património. Estes estudos, abrangem temáticas latas mas com particular incidência na história recente do século XIX e XX, bem como no período pré e pós-independência, embora cronologicamente se estendam desde o século XV

Efetivamente, se em Cabo Verde a Escola Superior de Educação já tinha desenvolvido um importante papel no desenvolvimento dos estudos de várias áreas, entre as quais as das ciências sociais, a criação da Universidade foi um momento de viragem, uma aposta do conhecimento e na inovação.

Exteriormente a este círculo da UniCV, publicaram-se nas ilhas uma série de estudos históricos, alguns dos quais de investigadores já muito conhecidos como os casos de Daniel Pereira, de João Lopes Filho e de António Correia e Silva. Relativamente à historiografia exterior a Portugal e às ilhas de Cabo Verde, o interesse pelo conhecimento do passado deste país tem-se vindo, igualmente, a afirmar.

Efetivamente, para os anos de 1970 e 80 as obras que refletiam sobre esta temática ou temáticas relacionadas com esta, contavam-se pelos “dedos das mãos”. Nos anos de 1990 e nesta primeira década do século XXI, vários autores dedicaram investigações a Cabo Verde em vertentes tão díspares que se estendem desde o tráfico de escravos até estudos de linguística, ligados à emergência e desenvolvimento do crioulo.

 

NOVOS RUMOS: HIPÓTESES DE TRABALHO

É inquestionável que nestas quatro décadas que medeiam entre 1980 e a atualidade verificou-se um salto quantitativo e qualitativo da historiografia produzida sobre as ilhas de Cabo Verde, quer em Portugal quer nas ilhas de Cabo Verde. O conhecimento foi sendo produzido e incorporado permitindo que os novos trabalhos usufruam de “trampolins” que permitem o salto para a frente afim de construir uma imagem o mais aproximada possível do que foi a história das ilhas, dos problemas que se colocaram aos homens que aí viveram, como os resolveram e de que forma daí se podem retirar ensinamentos para solucionar questões atuais e futuras. Importa também questionarmo-nos de quais serão os melhores e mais proveitosos caminhos a seguir nestas investigações.

Será sempre fundamental estar atento aos anseios das populações, às questões que constituem interesses nacionais a esclarecer, problemas ligados à ecologia, à proteção do ambiente, bem como das espécies animais, são, sem dúvida, de grande interesse para a grande maioria da população. Assim como afigura-se necessário, também, elaborar obras que por um lado divulguem e tornem acessível a estudantes e ao público interessado as diversas histórias insulares, possibilitando, inclusivamente, a elaboração de manuais escolares que tanta falta fazem.

Esta breve resenha que hoje aqui apresento sobre a historiografia das ilhas de Cabo Verde nas últimas décadas não é um trabalho finalizado e muito menos sem lacunas. Serve, essencialmente para fazer um ponto da situação da existência de um vasto conjunto de obras sobre a história de Cabo Verde, com abordagens distintas mas, na sua grande maioria, de relevante validade cientifica. É interessante comparar que, há 15 anos essa questão nem sequer se colocava: era possível com relativa segurança proceder à indicação de praticamente todos os estudos elaborados sobre a História de Cabo Verde até aos anos de 1990. Há efetivamente que constatar o significativo crescimento dos estudos sobre o passado das ilhas. É cada vez mais fundamental e imprescindível, trabalhar em articulação, formar redes, construir grandes bases de dados “alimentadas” por vários investigadores, onde se possa encontrar o que se fez e faz, quem o faz e de que forma, para assim cruzar contributos e conseguir avançar mais e com maior segurança, do que se consegue num mero trabalho isolado.

 Em trinta anos, realizaram-se projetos, elaborou-se uma História Geral, produziram-se e encontram-se dispersos inúmeros estudos em revistas científicas, em revistas de divulgação, apresentaram-se comunicações em congressos, seminários e encontros científicos, criou-se uma Universidade em Cabo Verde, executaram-se e defenderam-se teses de mestrado e de doutoramento em várias Universidades. Enfim, a importância da história de Cabo Verde despertou finalmente no seio das várias comunidades científicas. Esperemos que nunca mais adormeça!

[*] Uma versão mais completa e notada deste texto pode ser consultada em TORRÃO, M.M. Ferraz, (2009), “O despertar da história: o crescente interesse pelo passado de Cabo Verde em Portugal e no Arquipélago (1980-2009)" in Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico, nº1, SREC-CEHA, Funchal.

[1] Barcellos, Christiano José de Senna (1899) Subsídios para a História de Cabo Verde e Guiné, Lisboa, Typographia da Academia Real das Sciencias, parte I, p.5

[2] Torrão, Maria Manuel (1995) "Historiografia das Ilhas de Cabo Verde: de um tema quase ignorado a um projeto pioneiro", in Alberto Vieira, Guia para a História e Investigação das Ilhas Atlânticas, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico - Secretaria Regional do Turismo e Cultura, 1995, pp. 29-40

A história do arquipélago foi, durante muito tempo, um objeto de estudo periférico nas investigações e reflexões da historiografia ultramarina portuguesa. O prestígio de outras áreas geográficas do império português, como a Índia, o Brasil ou mesmo a China e o Japão, ofuscou regiões cuja evolução foi mais discreta, ainda que de igual importância, para a História geral da expansão lusa. O arquipélago era unicamente mencionado e descrito, no âmbito de obras gerais sobre o império colonial português ou de áreas de atuação de determinada congregação religiosa, como uma mera adjacência da Costa da Guiné. Dedicava-se-lhe um simples capítulo, muitas vezes curto e repleto de imprecisões que espelhavam a superficialidade das infor­mações recolhidas e o desinteresse pelo apro­fundamento do estudo da história e das gentes deste espaço insular.

As descrições coevas de carácter histórico-geográfico-etnográfico que existem centram-se na região dos Rios da Guiné, referindo as ilhas de Cabo Verde de modo sintético e marginal, e apenas quando a história destas se relacionavam com a Costa Veja-se os casos de André Álvares de Almada, Tratado breve dos Rios da Guiné do Cabo Verde [...] (1594), de André Donelha, Descrição da Serra Leoa e dos Rios da Guiné do Cabo Verde (1625) ou ainda de Francisco Lemos Coelho, Descrição da Costa da Guiné e Situa­ção de todos os Portos e Rios delia [...] (1684). Só em finais do século XVIII e inícios do século XIX é que se assiste à redação de obras específicas sobre o arquipélago, nomeadamente por parte de um autor eclesiástico anónimo que, em 1784, elabora a Notícia Corográfica e Cronológica do Bispado de Cabo Verde, e do naturalista José da Silva Feijó, que escreveu vários ensaios económicos sobre as ilhas de Cabo Verde e seus produtos, publicados nas Memórias da Academia das Ciências.

Foi necessário esperar por meados do século XIX para ver surgir obras mais precisas como a de José Carlos Conrado Chelmicki e de F. A. Varnhagen, em 1841 (Corografia Cabo-verdiana ou Descripção Geographico-Historica da Província das Ilhas de Cabo-Verde e Guiné), a de José Joaquim Lopes de Lima, em 1844 (Ensaios sobre a Statistica das Possessões Portuguesas no Ultramar) ou a de Francisco Travassos Valdez, em 1864 (África Occidental: noticias e considerações), que antecederam a primeira grande síntese sobre a totalidade da história de Cabo Verde, Subsí­dios para a Historia de Cabo Verde e Guiné de Christiano José de Senna Barcellos.

Este autor que se estreara, em 1892, com o estudo Roteiro do Archipelago de Cabo Verde, cerca de sete anos depois apostou numa obra de grande fôlego, que ainda hoje é muito importante consultar quando se trabalha a história de Cabo Verde. Senna Barcellos, logo no início da sua narrativa, demarca-se de tudo o que fora feito até então sobre estas ilhas afirmando: «A História destas ilhas não é para nós, filho dellas, um estudo indiferente, de mera curiosidade, em que toquemos ao de leve.»[1] De facto, e apesar de todas as limitações que este trabalho encerra, devido particularmente ao seu carácter factual e pouco interpretativo, refletindo aliás as cor­rentes historiográficas positivistas da época, tornou-se um marco para estudos subsequentes. A índole globalizante e a amplitude cronológica destes Subsídios, o imenso manancial de informações recolhidas nas crónicas, nos arquivos e bib­liotecas, transmitido ao longo das suas páginas fiz­eram desta Memória um elemento fundamen­tal para a compreensão da história de Cabo Verde.

No trilho desta obra houve um conjunto de autores, todos eles, sócios da Sociedade de Geografia de Lisboa, que, no âmbito desta instituição, produziram estudos monográficos sobre problemáticas específicas de cada ilha publicados no seu Boletim.

Também nas décadas de 40 a 60 do século XX, embora nas instituições de investigação e divulgação colonial, nomeadamente na Agência - Geral das Colónias e na Junta de Investigações do Ultramar, as ciências sociais e humanas sobre Cabo Verde, entre elas a História, não constituíssem uma prioridade científica, houve um conjunto de autores, como Ernesto J. de Vasconcelos, António Mendes Corrêa, Álvaro Lereno, Almerindo Lessa e Jacques Ruffié, que publicaram vários trabalhos que, embora não tendo a história como tema central, incluíam muitas referências ao passado insular. Não se pode, igualmente, negligenciar os contributos de autores cabo-verdianos publicados na Revista Claridade, como, por exemplo, os de João Lopes, de Félix Monteiro ou de Henrique Teixeira de Sousa.

As mudanças na perspetiva de encarar a história de Cabo Verde começaram a ser visíveis na segunda metade do século XX, quando, em 1958, o Padre António Brásio iniciou a publicação de uma notável coletânea de fontes para o estudo daquela região: os Monumenta Missionária Africana, 2ªsérie. Paralelamente a esta obra, surgiram no Departamento de Geografia da Faculdade de Letras de Lisboa os trabalhos interdisciplinares de história / geografia / antropologia de Orlando Ribeiro e de Ilídio do Amaral, que abriam novas pistas para o estudo desta área geográfica e fomentaram o interesse por Cabo Verde, expresso na execução de algu­mas teses de licenciatura em História na Facul­dade de Letras de Lisboa, como a de Josefa Viegas a de Clarisse Cardona Ferreira, a de Sofia Lima Neves e a de Maria da Graça Nolasco da Silva.

 Surgiram, igualmente, outros estudos esparsos, mas já mais centrali­zados no arquipélago ou nas semelhanças com a colonização efetuada nas outras ilhas atlân­ticas, os quais modificaram consideravelmente a forma de abordagem da história deste espaço insular. Efetivamente ao longo das décadas de 1960 e 1970, destacam-se os estudos de Orlando Ribeiro, os do Padre António Brásio, os de Luís Romano, o de Raquel Soeiro de Brito e os de Avelino Teixeira da Mota, entre outros.

Efetivamente, foi no âmbito da Junta de Investigação Científica do Ultramar que emergiriam as obras de António Carreira e Avelino Teixeira da Mota, historiadores que conduziram a história de Cabo Verde à «modernidade», de acordo com as novas teorias historiográficas. Teixeira da Mota, abriu novas perspetivas para o estudo da história de África e, por arrastamento, das ilhas de Cabo Verde. Procurava-se focalizar na própria África o objeto de estudos e não encará-la numa perspetiva eurocêntrica. Por sua vez, António Carreira, embora não sendo um homem com formação específica em História, conhecia profundamente o espaço que estudava. Cabo Verde e a costa da Guiné eram terrenos que lhe eram familiares, e que, acima de tudo, procu­rava compreender. Iniciando-se no final da década de 1960, primeiro com pequenos estudos, e no final e início da década seguinte, já com obras de maiores dimensões fundamentais para a História de Cabo Verde e em que desenvolve problemáticas nunca anteriormente tratadas de forma tão sistematizada.

Abrangendo um âmbito cronológico que se estende desde o século XV à atualidade, versando temas tão dís­pares, mas sabiamente «entrosados», como demografia, linguística, etnologia, antropologia, econo­mia ou a administração, a obra de António Carreira é ainda hoje um marco historiográfico inultrapassável no estudo do passado das ilhas de Cabo Verde.

Contudo, embora sem o “esplendor” e o volume quantitativo das de Carreira, não deve ser negligenciado um conjunto significativo de obras de estudiosos cabo-verdianos no domínio das ciências sociais e humanas, de que salientamos, para a década de 1980 os trabalhos historiográficos de Daniel Pereira, bastante inovadores na época da sua publicação e os trabalhos mais direcionados para temáticas muito concretas como o de Francisco Cerrone, o de Henrique Santa-Rita Vieira ou o de Josef Kasper, constituíram um ponto de partida válido para alicerçar os novos rumos da historiografia das ilhas de Cabo Verde.

 

 HISTÓRIA GERAL DE CABO VERDE: UM NOVO ARRANQUE DA HISTORIOGRAFIA DAS ILHAS

Efetivamente, é indiscutível que uma das “pedras de toque” para dar um novo fôlego ao estudo o passado das ilhas de Cabo Verde foi o execução do projeto História Geral de Cabo Verde iniciado oficialmente em julho de 1987, que só começou a dar os seus primeiros resultados cerca de um ano depois.

Foram, sem dúvida, os trabalhos de António Carreira e A. Teixeira da Mota que, em medidas distintas, permitiram a «preparação do ter­reno» para o aparecimento e desenvolvimento eficaz deste projeto[2]. O primeiro, António Carreira, com a publicação dos seus estudos, acima mencionados, possibilitou que se dispusesse de um conjunto sistematizado de informações e reflexões de grande validade sobre a história das ilhas; o segundo, Teixeira da Mota, liderando uma equipa de paleógrafos que tinha como tarefa o levantamento exaustivo, organização e sumariação de toda a documentação manuscrita, existente em arquivos portugueses e estrangeiros, referente à presença portuguesa na costa ocidental africana e ilhas de Cabo Verde e São Tomé, facilitou, à equipa de investigação encarregue da realização do projeto, os trabalhos de pesquisa da documentação em que assentaram os dois primeiros volumes daquela obra.

O objetivo central do projeto História Geral de Cabo Verde foi a elaboração da história deste novo país africano, colónia portuguesa até 1975, através da cooperação entre investigadores cabo-verdianos e portugueses, o que representou uma solução a nível humano sem precedentes na historiografia europeia/colonial. Coordenado, inicialmente, por Luís de Albuquerque e por Maria Emília Madeira Santos, que, devido à morte de Luís de Albuquerque, prosseguiu sozinha até ao fim a sua direção, foi executado por uma equipa mista que, através do cruzamento de experiências particulares e abordagens específicas tentou apreender e transmitir a história de Cabo Verde na dupla vertente europeia e africana que a marcou indelevelmente.

Metodologicamente, os coordenadores optaram por uma linha condutora que apostou na execução, no âmbito do projeto, de monografias que se destinaram a exercer um papel de trabalho intermediário entre a análise das fontes primárias e a redação de uma história geral. Assim, cada membro da equipa foi encarregue de elaborar uma ou mais monografias que esclarecessem temáticas fulcrais de cada capítulo, constituindo pontos de apoio para poder ligar o fio condutor de uma história geral. À medida que os membros da equipa do projeto se foram especializando tematicamente em objetos específicos, elaboraram diversos trabalhos que representam um ciclo de produção distinto embora genericamente imbricado com os resultados da História Geral. Trata-se de um conjunto de cerca de 60 textos, constituído por livros, capítulos em obras coletivas, artigos publicados em periódicos especializados ou em volumes de atas de congressos. Tal conjunto historiográfico abarca temas e perspetivas históricas muito diversificadas que vão desde a heurística da documentação aos estudos da política, sociedade e economia endógenas de Cabo Verde ou de assuntos mais gerais como as sociedades urbanas e portuárias aos estudos de caso, nomeadamente regionais e biográficos. Daqui resultou um importante salto qualitativo e quantitativo para a história de Cabo Verde, dificilmente igualável e, provavelmente, irrepetível para a história dos séculos XV a XVIII.

Entre 1991 e 2002, publicaram-se os vários volumes da História Geral de Cabo Verde.. Estes volumes solidamente alicerçados em amplos e importantes núcleos documentais procedentes de arquivos de vários países são atualmente um contributo importante e sistematizado sobre história de Cabo Verde nos seus diversos campos temáticos (administração, economia, sociedade, cultura, etc.). Neste momento, os seus resultados têm uma utilidade imediata para Cabo Verde: a possibilidade de dispor de uma história científica e documentada, como nação que é, a qual também está à disposição de toda a comunidade científica em geral. Em 2007, saiu uma outra obra profundamente interligada com este projeto: a História Concisa de Cabo Verde, uma síntese em linguagem mais acessível do conteúdo dos 3 volumes da História Geral de Cabo Verde. Financiada pelo IPAD, esta obra abriu ainda mais o leque de leitores, demonstrando que este projeto proporcionou resultados diversificados que se estendem a várias camadas da sociedade civil.

Dado o seu carácter pioneiro, assente na cooperação entre investigadores de uma ex-metrópole e de uma ex-colónia, este projeto produziu um impacto significativo no desenvolvimento de um crescente interesse pela história destas ilhas em Cabo Verde e em Portugal. Os conhecimentos divulgados através da publicação de várias dezenas de artigos realizados pela equipa mista encarregue da elaboração do projeto e dos três volumes desta História, depois de incorporados pelas comunidades científicas portuguesa e cabo-verdiana, foram um incentivo e um apoio para o desenvolvimento de novos estudos abarcando vários domínios da história das ilhas de Cabo Verde e um aumento dos conhecimentos sobre o passado destas ilhas.

 

 OS ANOS 90: OS ALICERCES DA CONSTRUÇÃO HISTORIOGRÁFICA DAS ILHAS DE CABO VERDE

 Nas ilhas de Cabo Verde a publicação de estudos sobre história de Cabo Verde foi aumentando significativamente ao longo dos anos de 1990: a Bibliografia Nacional (1995) ou a edição da coletânea bilingue, Descobertas das Ilhas de Cabo Verde/ Découvertes des Îles du Cap-Vert (1998),onde se incluem várias contribuições de investigadores cabo-verdianos, ambas da responsabilidade do Arquivo Histórico Nacional de Cabo Verde são exemplos do envolvimento das instituições culturais de Cabo Verde na divulgação da história do país, que também nesta década, em 1997, lançou o 1º número da Revista Kultura, a revista oficial do Gabinete do Secretário de Estado da Cultura.

Aos estes esforços consubstanciados nestas publicações de âmbito coletivo, juntam-se trabalhos individuais de cabo-verdianos, muitos dos quais publicados no próprio país, mas também em Portugal e mesmo em França.

Com o virar do século, e muito especialmente com a criação da Universidade de Cabo Verde proliferaram as investigações apresentadas, na sua maioria, sob a forma de trabalhos de fim de curso do bacharelato e da licenciatura em História e História – Ramo Património. Estes estudos, abrangem temáticas latas mas com particular incidência na história recente do século XIX e XX, bem como no período pré e pós-independência, embora cronologicamente se estendam desde o século XV

Efetivamente, se em Cabo Verde a Escola Superior de Educação já tinha desenvolvido um importante papel no desenvolvimento dos estudos de várias áreas, entre as quais as das ciências sociais, a criação da Universidade foi um momento de viragem, uma aposta do conhecimento e na inovação.

Exteriormente a este círculo da UniCV, publicaram-se nas ilhas uma série de estudos históricos, alguns dos quais de investigadores já muito conhecidos como os casos de Daniel Pereira, de João Lopes Filho e de António Correia e Silva. Relativamente à historiografia exterior a Portugal e às ilhas de Cabo Verde, o interesse pelo conhecimento do passado deste país tem-se vindo, igualmente, a afirmar.

Efetivamente, para os anos de 1970 e 80 as obras que refletiam sobre esta temática ou temáticas relacionadas com esta, contavam-se pelos “dedos das mãos”. Nos anos de 1990 e nesta primeira década do século XXI, vários autores dedicaram investigações a Cabo Verde em vertentes tão díspares que se estendem desde o tráfico de escravos até estudos de linguística, ligados à emergência e desenvolvimento do crioulo.

 

NOVOS RUMOS: HIPÓTESES DE TRABALHO

É inquestionável que nestas quatro décadas que medeiam entre 1980 e a atualidade verificou-se um salto quantitativo e qualitativo da historiografia produzida sobre as ilhas de Cabo Verde, quer em Portugal quer nas ilhas de Cabo Verde. O conhecimento foi sendo produzido e incorporado permitindo que os novos trabalhos usufruam de “trampolins” que permitem o salto para a frente afim de construir uma imagem o mais aproximada possível do que foi a história das ilhas, dos problemas que se colocaram aos homens que aí viveram, como os resolveram e de que forma daí se podem retirar ensinamentos para solucionar questões atuais e futuras. Importa também questionarmo-nos de quais serão os melhores e mais proveitosos caminhos a seguir nestas investigações.

Será sempre fundamental estar atento aos anseios das populações, às questões que constituem interesses nacionais a esclarecer, problemas ligados à ecologia, à proteção do ambiente, bem como das espécies animais, são, sem dúvida, de grande interesse para a grande maioria da população. Assim como afigura-se necessário, também, elaborar obras que por um lado divulguem e tornem acessível a estudantes e ao público interessado as diversas histórias insulares, possibilitando, inclusivamente, a elaboração de manuais escolares que tanta falta fazem.

Esta breve resenha que hoje aqui apresento sobre a historiografia das ilhas de Cabo Verde nas últimas décadas não é um trabalho finalizado e muito menos sem lacunas. Serve, essencialmente para fazer um ponto da situação da existência de um vasto conjunto de obras sobre a história de Cabo Verde, com abordagens distintas mas, na sua grande maioria, de relevante validade cientifica. É interessante comparar que, há 15 anos essa questão nem sequer se colocava: era possível com relativa segurança proceder à indicação de praticamente todos os estudos elaborados sobre a História de Cabo Verde até aos anos de 1990. Há efetivamente que constatar o significativo crescimento dos estudos sobre o passado das ilhas. É cada vez mais fundamental e imprescindível, trabalhar em articulação, formar redes, construir grandes bases de dados “alimentadas” por vários investigadores, onde se possa encontrar o que se fez e faz, quem o faz e de que forma, para assim cruzar contributos e conseguir avançar mais e com maior segurança, do que se consegue num mero trabalho isolado.

 Em trinta anos, realizaram-se projetos, elaborou-se uma História Geral, produziram-se e encontram-se dispersos inúmeros estudos em revistas científicas, em revistas de divulgação, apresentaram-se comunicações em congressos, seminários e encontros científicos, criou-se uma Universidade em Cabo Verde, executaram-se e defenderam-se teses de mestrado e de doutoramento em várias Universidades. Enfim, a importância da história de Cabo Verde despertou finalmente no seio das várias comunidades científicas. Esperemos que nunca mais adormeça!

[*] Uma versão mais completa e notada deste texto pode ser consultada em TORRÃO, M.M. Ferraz, (2009), “O despertar da história: o crescente interesse pelo passado de Cabo Verde em Portugal e no Arquipélago (1980-2009)" in Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico, nº1, SREC-CEHA, Funchal.

[1] Barcellos, Christiano José de Senna (1899) Subsídios para a História de Cabo Verde e Guiné, Lisboa, Typographia da Academia Real das Sciencias, parte I, p.5

[2] Torrão, Maria Manuel (1995) "Historiografia das Ilhas de Cabo Verde: de um tema quase ignorado a um projeto pioneiro", in Alberto Vieira, Guia para a História e Investigação das Ilhas Atlânticas, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico - Secretaria Regional do Turismo e Cultura, 1995, pp. 29-40

Autoria/Fonte

(Conferência apresentada no Ciclo de Conferências “Cabo Verde do Descobrimento à Independência”, organizado pela Associação Caboverdeana de Lisboa, 14 de maio de 2015)
Maria Manuel Ferraz Torrão
(Centro de História, IICT, Lisboa)

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