Empresários nacionais desafiam Portugal a deslocalizar empresas para Cabo Verde

Os empresários cabo-verdianos desafiaram quarta-feira Portugal a abrir uma linha de crédito de apoio às exportações portuguesas para o país e a promover a deslocalização de algumas empresas para Cabo Verde para aproveitar o mercado da CEDEAO.

O desafio foi lançado ontemao secretário de Estado Adjunto e do Comércio de Portugal, Paulo Alexandre Ferreira, pelo presidente da Câmara de Comércio de Sotavento (CCS), Jorge Spencer Lima, durante um encontro com empresários, na cidade da Praia.

"Lançámos ao secretário de Estado o repto de estudar a abertura de uma linha de crédito de Portugal para Cabo Verde para apoiar as exportações portuguesas e consequentemente as importações de Cabo Verde por Portugal", disse Jorge Spencer Lima.

O presidente da CCS desafiou ainda o governante português a "ver a possibilidade de fazer a deslocalização de algumas empresas portuguesas para Cabo Verde para aproveitar a possibilidade de exportar para o mercado da Comunidade de Países da África Ocidental (CEDEAO)".

Spencer Lima sublinhou que se trata de um mercado de cerca de 300 milhões de consumidores, representando apenas cerca de 1% das trocas comerciais cabo-verdianas.

"O problema que se põe é de reforçar a nossa capacidade produtiva. Temos de ter coisas para exportar e para exportar é preciso produzir e é nessa base que contamos também com a participação dos empresários e das empresas portuguesas para criarem indústrias em Cabo Verde, para o mercado local, mas também com capacidade de exportação", reforçou. 

Indústria alimentar, energias renováveis e agronegócio são alguns dos sectores em que, segundo Spencer Lima, a experiência dos empresários portugueses seria bem-vinda.

Portugal é o principal parceiro comercial de Cabo Verde, tendo, em 2017, sido a origem de 42,9% das importações cabo-verdianas, e absorvendo 29,8% das exportações do país.

Por seu lado, o secretário de Estado Adjunto e do Comércio português, Paulo Alexandre Ferreira, considerou que as "ideias lançadas pela CCS podem ser interessantes para as empresas portuguesas". 

"Do nosso lado, assumimos uma posição de facilitadores e de fazer chegar essa informação às empresas portuguesas para que os nossos agentes económicos possam apreciar as oportunidades que existem em Cabo Verde", disse. 

O secretário de Estado português está em Cabo Verde para participar num seminário lusófono sobre segurança alimentar, organizado pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), pela congénere alemã BfR e pela Agência de Regulação e Supervisão dos Produtos Farmacêuticos e Alimentares de Cabo Verde (ARFA). 

O seminário decorre até quinta-feira, na cidade da Praia e será encerrado por Paulo Alexandre Ferreira, que abordará a segurança alimentar na perspectiva da comunidade lusófona (CPLP). 

Durante a manhã de ontem, o secretário de Estado esteve reunido com o ministro da Indústria, Comércio e Energia cabo-verdiano, Alexandre Monteiro, com quem abordou aspectos relacionados com o ambiente de negócios, nomeadamente o recente aumento das taxas aduaneiras para os lacticínios, que afectou sobretudo empresas portuguesas que exportam para Cabo Verde.

Fonte: Expresso das Ilhas

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